segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sun Ra - Live In Paris At The "Gibus" (1973)

Uma enigma esconde-se por trás da figura de Sun Ra, que alega não ser um indíviduo deste mundo, mas de Saturno. E sua musicalidade ousada e complexa, por sua vez, dá suporte completo a esta curiosa afirmação. Seu experimentalismo alcança extremos, mas sem se desligar por completo de escalas mais familiares nem desvincular a beleza de seus sons daqueles com os quais nossos ouvidos estão mais acostumados. Trata-se de um trabalho de absoluta grandiosidade, por sua capacidade delicada (mesmo com os sons mais brutais por vezes inseridos) de somar complexamente sons variados, os mais intergalacticamente variados possíveis.
Neste disco ao vivo, colocam-se à prova todos os limites de seu jazz livre, somado a experiências altamente psicodélicas (na falta de um termo melhor para definir). É fantástico provar do sentido inegável que as coisas fazem, numa grandiosidade repleta de instrumentos, efeitos orgânicos e elétricos, ruídos e barulhinhos. Altamente recomendado, sem dúvida vale a pena. Portanto, não deixe de baixar!

1. Spontaneous Simplicity
2. Lights On a Satellite
3. Ombre Monde #2
4. King Porter Stomp
5. Salutations From The Universe
6. Calling Planet Earth

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Steve Coleman and The Five Elements - On the Edge of Tomorrow (1986)



Aqui está o segundo disco de Steve Coleman, onde sua musicalidade nem um pouco convencional demonstra-se muito voltada ao hip-hop e ao funk. Vale a pena conhecer esse som curioso, que lembra em alguns aspectos Arrigo Barnabé, por se tratar também de um pop completamente desviado da tonalidade comum, embora o som de Steve Coleman seja de fato bem mais dançável. Disco divertido, e coloca os ouvidos pra pensar!

Faixas:

1. Fire Revisited
2. Fat Lay Back
3. I’m Going Home
4. It Is Time
5. (In Order to Form) A More Perfect Union
6. Little One I’ll Miss You
7. T-T-Tim
8. Metaphysical Phunktion
9. Nine to Five
10. Profile Man
11. Stone Bone (Can’t Go Wrong)
12. Almost There
13. Change the Guard

Steve Coleman Group - Motherland Pulse (1985)



Primeiro disco do saxofonista Steve Coleman. Steve, um dos principais criadores da técnica de composição m-base, estruturada a partir da matemática e metafísica. Leia mais sobre isso aqui. Os temas de Streve são atonais mas na maioria das vezes dançantes, tendo um toque de hip-hop. No caso desse disco de estréia, os temas são um pouco mais voltados ao jazz. O hip hop fica mais evidente a partir do segundo disco dele. Aproveite.

Faixas:

Irate Blues (4:22)
Another Level (5:46)
Cud Ba-rith (5:02)
Wights Waits for Weights (5:13)
No Good Time Faires (5:48)
On This (5:11)
The Glide Was in The Ride (4:02)
Motherland Pulse (5:10)

Pessoal:

STEVE COLEMAN alto saxophone
GERI ALLEN piano
LONNIE PLAXICO bass
MARVIN "SMITTY" SMITH drums, percussion
(except on NO GOOD TIME FAIRIES)
GRAHAM HAYNES trumpet

(on NO GOOD TIME FAIRIES and on IRATE BLUES)

CASSANDRA WILSON vocals
(on NO GOOD TIME FAIRIES)
MARK JOHNSON drums
(on NO GOOD TIME FAIRIES)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

John Coltrane - First Meditations (1965)


Após o disco "A Love Supreme"(dezembro de 1964) Coltrane vira toda sua atenção ao movimento de jazz avant garde ou "the new thing", aposenta o sax soprano e passa a se dedicar inteiramente ao tenor. Influenciado por músicos como Ornette Coleman, Albert Ayler e Sun Ra, Coltrane produziu em 65 uma série de discos no estilo. Este foi o ultimo disco de coltrane com seu quarteto clássico pois dois meses depois trane chamaria o saxofonista Pharoah Sanders e o baterista Rashied Ali para gravar "Meditations", uma outra versão das músicas deste disco com duas baterias e a presença do saxofonista Pharoah Sanders.

1 Love Coltrane 8:04
2 Compassion Coltrane 9:30
3 Joy Coltrane 8:49
4 Consequences Coltrane 7:21
5 Serenity Coltrane 6:10
6 Joy [Alternate Version] Coltrane 12:14

McCoy Tyner - Piano

elvin jones - Bateria

John Coltrane - Sax Tenor

Jimmy Garrison - Contrabaixo

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Geraldo Filme - Geraldo Filme (1980)



Nascido em São João da Boa Vista, no interior paulista, Geraldo Filme (1928 - 1995) veio pequeno para a Capital. O pai tocava violino, mas foi com a avó que conheceu os cantos de escravos que influenciaram sua formação musical.
Sua mãe tinha uma pensão nos Campos Elíseos e fazia marmitas que o menino Geraldo entregava em toda a região. Na Barra Funda, bairro vizinho, passava um bom tempo nas rodas de samba e tiririca (capoeira) que os carregadores improvisavam, no Largo da Banana.
Compôs o primeiro samba (Eu Vou Mostrar) com 10 anos de idade. Sua mãe fundou o primeiro cordão carnavalesco formado só por mulheres negras, que futuramente iria se transformar na Escola de Samba Paulistano da Glória.
Geraldo tem o nome ligado à história do Carnaval paulista. Respeitado e querido por todas as escolas, marcou presença na Unidos do Peruche, para quem compôs sambas-enredo, mas é lembrado principalmente por sua ligação com a Vai-Vai. O samba "Vai no Bexiga pra Ver" tornou-se um hino da escola, e "Silêncio no Bexiga" homenageia um célebre diretor de bateria da Vai-Vai, o Pato Nágua. Com o samba-enredo “"Solano Trindade, Moleque de Recife" levou a escola ao título de campeã.
Nos últimos anos de vida trabalhou na organização do Carnaval na cidade de S. Paulo, tornando-se uma referência da cultura negra paulistana. Um aspecto pouco estudado de sua obra é a releitura do samba rural paulista ("Batuque de Pirapora", "Tradições e Festas de Pirapora"), que trazem elementos dos jongos, vissungos e batuques ensinados por sua avó.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Mundo Livre S/A - O Outro Mundo de Manuela Rosário (2004)

O quinto álbum do Mundo Livre veio arrebentando portas e janelas com sua sonoridade cheia de balanço, seja por via de grooves violentamente funkeados, seja pelos sambas entupidos de outras influências que se mesclam, multiplicando possibilidades e derrubando limitações de gênero.
O álbum dá sequência à discografia incansável da banda, depois de "Por Pouco " (2000), considerado por muitos como o álbum mais pop, mas jamais o mais comercial, predicado definitivamente inviável e inadequado quando o sujeito da frase é o bando liderado por Zeroquatro e suas engenhosas letras, retrato profundo da verdadeira marginalidade em tempos confusos como estes. Neste disco volta com intensidade o ativismo afiado que marcou a trajetória da banda, ativismo de bandeiras múltiplas, como as influências que culminam num trabalho repleto de criatividade, autenticidade e espontaneidade.
Alguns personagens compõem o caldo grosso do disco, enriquecendo o enredo da profunda trama: Os índios xucurus e sua questão, Manuelita Rosário (se real ou fictícia, não sabemos), Noam Chomsky em entrevistas e depoimentos, John Wayne, Arnold Schwarzenegger e outros heróis estadunidenses, além dos cinco membros do bando e as inúmeras participações: Pupillo, Lucio Maia, Jorge du Peixe e Naná Vasconcelos são só alguns dos nomes que figuram ao lado dos cinco membros do grupo.
Um belo disco, de conteúdo pesado para variados sentidos da palavra. Vale a pena, pra cair de boca. Portanto, não deixe de baixar!

1. Inocência
2. Digital ao Vinagrete
3. Muito Obrigado
4. Azia Amazônica
5. E a Vida Se Fez de Louca
6. Caiu a Ficha
7. O Triste Fim de Manuelita
8. Embustation (Atitude de C... é R...)
9. O Outro Mundo de Xicão Xucuru
10. Caindo em Si
11. CNFS - Comunicado 2
12. Balada de Pablo e Manuelita
13. Plantando Uma Muda em Cima de Washington (vinheta)/Marcha Contra o Muro do Império
14. Eisenhower e o Colosso/Bônus Track

Mundo Livre S/A:
Zeroquatro - Voz, violão, cavaquinho, teclado virtual, samples
Bac - Moog, teclado, guitarra, órgão, backing vocals
Xef Tony - Bateria, percussão, backing vocals
Areia - Baixo, baixo acústico
Marcelo Pianinho - Percussão

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domingo, 9 de agosto de 2009

Charles Mingus - Mingus, Mingus, Mingus, Mingus, Mingus (1963)


Esse é um disco obrigatório do grande Charles Mingus. Aqui contamos com a presença de temas antológicos, como "Theme for Lester Young (Good Bye Pork Pie Hat)" "II B. S." (que começa com uma linha de baixo, recorrente na obra de Mingus, e se encaminha para um tema bluesístico em contrapontos) e o clássico de Duke Ellington "Mood Indigo". Nesse disco, mingus põe a mão no piano também. Essa versão vem com uma faixa bônus, denominada "Freedom" onde Mingus recita um poema forte, relacionado à escravidão dos negros nos E.U.A. Um belo disco que não pode faltar. Aproveite.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Erasto Vasconcelos - Jornal da Palmeira (2005)

O artista com mais de 40 anos de carreira viveu muita coisa antes de lançar este seu primeiro disco solo. Ele, que já esteve ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Hermeto Pascoal, Stan Getz, além da turma do Clube da Esquina e muitos outros músicos de diversas partes, volta a Olinda, sua terra natal, para ao lado da renovada (e em constante renovação!) cena musical pernambucana contemporânea gravar lá mesmo em Pernambuco 12 faixas que dizem respeito a este seu universo local, sem limitar influências ou presenças variadas.
Há tanto espaço para o tradicional quanto para o moderno, e a produção de ninguém menos que o eddie Fábio Trummer capta com perfeição esse encontro que soma sem subtrair ou negar influências, resultando num trabalho de efetiva peculiaridade. Talvez seja, em termos estéticos, um trabalho inegavelmente autêntico de fato, quando mesmo as inovações inauguradas pelo movimento Mangue já vêm ganhando formatos padronizados por sua absorção pela indústria cultural. E além deste valor, o conteúdo é também de muito sabor pra quem gosta de balançar o esqueleto, sem deixar de absorver delicadamente as sutilezas de Erasto. Um disco amplo, capaz de desdobrar-se em múltiplas sensações, impressões e leituras. Portanto, não deixe de baixar!

1. Recife
2. O Baile Betinha
3. Mauricéia
4. Pipoca do Cinema
5. Azulão Poema
6. Forró das Meninas
7. Adivinhação
8. Capiba Disse Que é Pra Já
9. Poema da Paz
10. Guia de Olinda
11. Ceci
12. Maranguape

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Karlheinz Stockhausen - Elektronische Musik (1952-1960)


Karlheinz Stockhausen (1928-2007) foi um dos mais importantes compositores alemães do século XX. Seu trabalho tem influências da vertente mais radical do dodecafonismo de Schönberg e Webern.
Esse disco contém quatro de seus trabalhos mais importantes na área da música eletroacústica, precurssora da música eletrônica atual (20 anos antes do Kraftwerk e do Throbbing Gristle).

Étude (1952)
1 Étude (3:35)

Studie I (1953)
2 Studie I (10:00)

Studie II (1954)
3 Studie II (3:50)

Gesang Der Jünglinge (1955-1956)
4 Gesang Der Jünglinge (13:40)

Kontakte (1959-1960)
5 Struktur I (2:21)
6 Struktur II (1:05)
7 Struktur III (3:55)
8 Struktur IV (0:48)
9 Struktur V (2:28)
10 Struktur VI (0:27)
11 Struktur VII (2:05)
12 Struktur VIII (1:33)
13 Struktur IX (2:30)
14 Struktur X (4:29)
15 Struktur XI (2:17)
16 Struktur XII (1:22)
17 Struktur XIII A (1:23)
18 Struktur XIII B (0:25)
19 Struktur XIII C (0:47)
20 Struktur XIII D (0:50)
21 Struktur XIII E (0:14)
22 Struktur XIII F (2:09)
23 Struktur XIV (0:29)
24 Struktur XV (0:43)
25 Struktur XVI A (0:35)
26 Struktur XVI B (0:04)
27 Struktur XVI C (0:16)
28 Struktur XVI D (0:10)
29 Struktur XVI E (1:52)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Cibelle - The Shine Of Dried Electric Leaves (2006)

Este é o segundo disco desta musa paulistana cujo trabalho é pouco conhecido no Brasil. Residindo em Londres, Inglaterra, este disco demonstra o encontro entre estes dois universos referentes à cantora. Grande parte das letras são em inglês, e a sonoridade de difícil definição vaga entre um lounge extremamente tranquilo, influências de folk pop estadunidense, além dos claros diálogos com sons tropicais. Há espaço no disco para participações de alto nível, como Seu Jorge em "Arrête Là, Menina", Spleen em "Mad Man Song" e Devendra Banhart em versão para a linda faixa "London, London". Um belo disco, repleto de linguagens musicais modernas, com experimentações delicadas que não se sobrepõem à tranquilidade que se propõe a emanar das faixas indefiníveis em gêneros específicos. Não deixe de baixar!

1. Green Grass
2. Instante de Dois
3. Phoenix
4. London London (feat. Devendra Banhart)
5. City People
6. Minha Neguinha
7. Mad Man Song (feat. Spleen)
8. Por Toda a Minha Vida
9. Flying High
10. Arrête Là, Menina (feat. Seu Jorge)
11. Esplendor (Refreshed)
12. Train Station
13. Lembra
14. Cajuína

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Céu - Céu (2005)

O álbum de estréia da cantora traz o mesmo nome da própria, e este duplo uso não parece simples falta de criatividade, pois o nome traz sintetizada aquela que parece ser a idéia-guia do trabalho da cantora: Fazer a música que gosta da maneira que gosta, somando influências brasileiras e estrangeiras. Desta maneira, o conteúdo do álbum é exatamente um retrato desta proposta que marcaria sua identidade musical junto a outras caras novas e inovadoras da música nacional, como Instituto, Curumin e Nação Zumbi. Um trabalho autêntico, repleto de suavidade, fluidez, groove, balanço e demais predicados de grandes trabalhos das novas caras da música popular brasileira. Em cada faixa nota-se a exploração de elementos variados, tanto nas de autoria da própria cantora (com parceiros na maioria das vezes) quanto nas versões: São duas maravilhosas releituras, de "Concrete Jungle", de Bob Marley, e de "O Ronco da Cuíca", de João Bosco e Aldir Blanc.
Sua recepção pela crítica e pelo público foi excelente, tenho alcançado números extrapolantes de vendas dentro e fora do Brasil, além de premiações diversas. Um belo disco, vale a pena. Não deixe de baixar!

1. Vinheta Quebrante
2. Lenda
3. Malemolência
4. Roda
5. Rainha
6. 10 Contados
7. Vinheta Dorival
8. Mais Um Lamento
9. Concrete Jungle
10. Véu da Noite
11. Valsa pra Biu Roque
12. Ave Cruz
13. O Ronco da Cuíca
14. Bobagem
15. Samba na Sola

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Chico Buarque, Maria Bethânia e Nara Leão - Quando O Carnaval Chegar (1972)


Esse é um disco que embalou a minha infância. Hoje em dia escuto-o com ouvidos mais maduros e atentos: é um disco que consegue atingir uma simplicidade incrível. Todas são canções curtas e simples, muito bonitas. O disco inteiro tem algo de brasileiro muito claro, que vai além dos ritmos e cadências. Está nas vozes, nas texturas obtidas. Se você tiver crianças, mostre para elas. As faixas curtas talvez sejam uma chave para esse disco ter me encantado na hiuperatividade da infância, até mais do que "Saltimbancos" ou "O Grande Circo Místico". O disco é a trilha sonora original de um filme musical homônimo dirigido por Cacá Diegues.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Céu - Vagarosa (2009)

A cantora paulistana que já deu o que falar mundo afora com seu disco de estréia (intitulado "CéU") volta num novo álbum repleto de brasilidade somada às mais variadas influências, como em seu primeiro disco. Aqui vêm ainda mais firmes as influências brasileiras, gerando um som tranquilo, suingado, com espaço para samba, reggae, grooves afiados (o disco conta com participação de Los Sebosos Postizos, projeto paralelo de membros da Nação Zumbi e outras bandas pernambucanas) e até versão para "Rosa Menina Rosa" de Jorge Ben. Sem dúvida um grande disco dessas novas caras da música brasileira, MPB de alta qualidade em renovação constante, mamando em outras influências na construção de sonoridades cheias de balanço e beleza. Não deixe de baixar!

1. Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso
2. Cangote
3. Comadi
4. Bubuia
5. Nascente
6. Grains de Beauté
7. Vira Lata
8. Papa
9. Ponteiro
10. Cordão da Insônia
11. Rosa Menina Rosa
12. Sonâmbulo
13. Espaçonave

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