quarta-feira, 4 de março de 2009

Henry Cow - Leg End (1973)

Em maio de 1968, dois estudantes da Universidade de Cambridge (e exímios músicos) decidem montar uma banda. Os dois rapazes, um chamado Fred Frith e outro Tim Hodgkinson, inicialmente pretendiam montar apenas uma banda ou de jazz ou de blues, principal influência dos dois, porém, ambos tinham um gosto e uma visão musical muito mais ampla e diversificada para aprisionar seu recente projeto num só estilo.Ambos também decidiram que não precisavam de mídia para bajular ou serem bajulados, o que eles queriam mesmo era mostrar seu trabalho com total liberdade, expondo suas visões musicais e políticas sem rotulações ou preconceitos. Mas apesar de avessos a se "venderem" ou a aprisionar seu som, ambos nunca tiveram nenhum problema em tocar com outros grupos ou artistas que tivessem uma relação comercial melhor ou de mais sucesso que eles (como o Soft Machine, Pink Floyd e Mike Oldfield), ou que tivessem uma visão musical ainda mais radical que o grupo (como os percussores do Krautrock, o grupo alemão Faust), e isso posteriormente seria de grande valia para o engrandecimento artístico e musical da banda, que seria muito bem utilizada por eles.Decidiu-se também que outros músicos de igual calibre fossem chamados para fazer parte desse projeto e que seguissem da mesma influência política-musical de seus fundadores. Em 1972, Chris Cutler, um exímio baterista inglês, o baixista John greaves e o instrumentista Lindsay Cooper entram para o time do Henry Cow, se não fechando a formação clássica do grupo, pelo menos servindo de base para a primeira (e maravilhosa) aventura da banda em estúdio.Gravado entre o final de 1972 e meados de 1973, Legend sem dúvida é o marco inicial do movimento que iria ser definido no final dos anos 70 como RIO, ou Rock In Oposition. Aqui, mesmo ainda sofrendo de uma influência da escola fusion Canterburiana e do Crimson de 1969, os elementos tão peculiares ao grupo (Quebra de tempos sonoros, misturas de vários estilos musicais, melodias extremamente complexas e às vezes até difíceis de acompanhar) já se encontravam (e muito) nesse trabalho.A primeira música, a clássica "nirvana for mice" nos parece mostrar que a banda percorreria um som mais convencional em seu inicio, mas já nos surpreendendo pelos efeitos sonoros e musicais que a mesma nos mostra no decorrer de sua duração. Ao decorrer do álbum, percebemos então que Frith, Hendkinson e seus asseclas querem mesmo é fugir de qualquer estilo sonoro definido, como podemos perceber nas três partes de "Teenbeat" e mais especificamente em "With The Yellow Half-Moon And Blue Stat", onde solos descompassados se unem a ritmos precisos e complexos ao mesmo tempo. O grupo no final do disco nos coloca o caráter político que o mesmo apresentava, de forma às vezes radical, em seu som e performance (em alguns shows da banda, a bandeira da antiga União Soviética era hasteada no palco) na sombria "Nine Funerals Of The Citizen King", nela a banda canta de uma forma melancólica, porém altamente sombria, sobre as mazelas do capitalismo e os efeitos danosos que o mesmo impunha para com a sociedade, sem duvida fechando com chave de ouro esse trabalho diferente e inovador.A capa do álbum também é feita para fugir de qualquer visão estética convencional, colocando na capa apenas a foto de uma meia, fugindo da grandiosidade visual de Roger Deans, Hipgnosis e Paul Whiteheads tão vigentes no período.Sem dúvida, um disco maravilhoso, mas também um precursor, onde a partir dele, uma nova forma de se fazer o som progressivo seria realizada.FONTE



1. Nirvana For Mice(Frith)4:53


2. Amygdala(Hodgkinson)6:47


3. Teenbeat Introduction(Henry Cow)4:32


4. Teenbeat(Frith, Greaves)6:57


5. Nirvana (reprise)(Frith)1:11


6. With The Yellow Half-Moon And Blue Stat(Frith)2:26


7. Teenbeat (reprise)(Frith)5:07


8. The Tenth Chaffinch(Henry Cow)6:06


9. Nine Funerals Of The Citizen King (Hodgkinson)5:34


10.Bellycan(Henry Cow)3:19

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